Casa da Fada Azul

Na casa da Fada Azul tem sempre biscoitos de gengibre, mel e canela, assando no forno!
Perfume de flores por toda parte...
Na casa da Fada Azul ouve-se risos de crianças, o cantar dos passarinhos e música suave, com flautas e sinos!

Sejam bem-vindos à casa da Fada Azul!


Em homenagem aos meus filhos, Dhayaram e Suraj, que amam fadas, principalmente a Fada Azul!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Histórias de Natal 2

ESPÍRITO DE NATAL

Samanta é uma menina que foi passar uns dias na casa de sua tia que ficava em um sitio. Chegando lá, ela estranhou como a casa era séria, com pouco cor e quase sem enfeites, principalmente agora que se aproxima o dia de Natal, sem nenhum enfeite!
O quarto que foi destinado para ela dormir tinha o mesmo estilo e isso deixou que ela ficasse pensando como será tedioso passar estes dias nesta casa.
Depois de alguns dias ela descobriu uma escada que levava para o sótão da casa e, como não tinha muito que fazer, resolve subí-la. Chegando no sótão tudo era mais empoeirado e mais cinza do que a própria casa, mas quanta coisa para descobrir! Nele havia muita coisa a explorar, armários com roupas antigas, prateleiras de livros, alguns com gravuras, mas o que mais lhe chamou a atenção era um baú, grande, feito de madeira robusta e de cor muito envelhecida, quando ela abriu o baú ficou espantada com o que viu: eram muitos enfeites de Natal, lá dentro reluziam bolas de diversas cores, pequenos brinquedos feitos daquele vidro fininho que se usava antigamente para fazer bolas de natal, e também enfeites de madeira, que retratavam anõezinhos trabalhando em suas oficinas, renas puxando trenós e pequenos papais-noéis. E todos eram muito brilhantes, de cores vivas salpicadas de dourado e prateado. Muito lindo de se ver. Havia, também muitos rolos de luzes coloridas. Porque será que a tia Emília não havia usado todos estes enfeites para esperar o Papai Noel?
Embora sabendo que não devia ela começou a tirar todas as caixas para fora do baú, cada uma continha uma surpresa maior, e a Samy (este era o seu apelido) deliciava-se com cada detalhe. Ela estranhou quando viu uns galhos de árvores aparecerem entre as caixas do fundo do baú, tentou puxá-los, pois devia se tratar de algum enfeite usado em outros anos, mas estava duro, os galhos não saiam. Retirando o que estava em volta ele percebeu que havia mais galhos, e que eles tomavam quase a totalidade do fundo do baú. Querendo ver melhor, ela resolveu entrar dentro dele, e como não tinha outra forma, se apoiou no galho que julgou ser mais grosso. E sentiu que podia por o pé mais para baixo, e a medida que foi tateando ela foi percebendo que estava na realidade em cima de uma árvore.
Bem nesse momento ela escutou a tia batendo na porta chamando-a para o lanche da tarde, em dúvida não sabendo o que fazer e com uma tentação muito grande, ela decidiu descer pelos galhos.
Mas como seria possível, caber uma árvore inteira dentro do baú? Mas as surpresas estavam apenas começando, pois não se tratava somente de uma árvore, ela estava dentro de uma verdadeira floresta. E esta floresta, como a casa de tia Emília era sombria e sem sol, tanto que Samy começou a sentir muito frio, o lugar não era convidativo, mas já que estava lá, queria conhecer este mistério.
Andou bastante até que encontrou um homem já idoso de barba e cabelos brancos sentado ao lado de uma fonte, como era a primeira pessoa viva que encontrava resolveu perguntar onde estava.
- Você está na terra da Feiticeira do abutre Lilás, falou o homem.
- Nossa que interessante, é uma boa terra? Falou Samanta.
- Era, antes da feiticeira chegar. No começo pensamos que ela estava de passagem, mas ela foi ficando e tomando conta. E aos poucos foi acabando com toda a alegria de nosso povo, as pessoas não riem mais, não conversam, não se visitam, só fazem a sua obrigação e vão vivendo, sem graça...
- Puxa, que chato!
- Imagine que um de seus piores feitiços foi decretar que não teríamos nunca mais natal, isto acabou comigo!
E parecia ter acabado mesmo, quando o velhinho falou isso, seus olhos encheram de lágrimas e seu semblante ficou muito fechado.
- Mas não há nada o que fazer? Perguntou Samy.
- Olha eu acho que até tem, mas as pessoas não querem, eu acho que elas perderam as esperanças e com isso a força de lutar.
Que pena, falou Samy, e despedindo-se resolveu continuar andando por aquela mais que esquisita cidade. Afinal, lembrando-se que havia entrado através de um baú, certamente estaria sonhando e aquilo nem existia, mas enquanto estava ali haveria de descobrir mais.
Chegou em uma cabaninha e resolveu bater na porta para conversar um pouco com os seus moradores e conferir se o velhinho havia falado a verdade. Mas ninguém atendia. Assim, ela resolveu dar uma olhada pela janela e viu uma senhora resmungando na sua cozinha. Ela não iria entrar sem ser chamada, mas como a senhora derrubou uma panela com água quente, e começou a xingava ainda mais, Samy resolveu entrar para acudi-la.
- Droga de vida, droga de cozinha, droga de comida, não vou fazer mais nada! Detesto cozinhar!
- Deixe que eu a ajudo, falou Samy, e começou a levantar as coisas caídas no chão.
A senhora resolveu se desabafar dizendo que estava cansada desta vida de cozinheira e Samy procurou conversar com ela e encontrar formas de consolá-la. Aí perguntou se isto foi sempre assim.
- Não falou a senhora, antigamente eu até gostava de cozinhar, mas sabe quando me decepcionei? Quando a feiticeira do abutre Lilás decretou que não haveria mais natal em nosso povoado. Antes eu sempre fazia bolos, biscoitos, assados e muitas coisas boas para o Natal, mas depois fiquei pensando: Para quê, se nem tem mais Natal? E comecei achar que eu estava errada antes: Imagine comer tanto no Natal, o Natal não é só para comer. Fico pensando como as pessoas, onde ainda tem Natal, são bobas só desperdiçando o seu tempo e dinheiro comendo.
- Olha eu não penso bem assim, falou Samy, acho que o ato de fazer um biscoito, um bolo, é um ato de amor, é uma forma de falar para a sua família, filhos, netos e amigos: eu te amo!
- É pensando assim...
- Veja, o biscoito não tinha um formatinho? perguntou Samy.
- Tinha, eu fazia em formato de estrelas, de coração...
- E você não colocava uns enfeitinhos em cima? Novamente perguntou Samy.
- Colocava! Colocava bolinhas coloridas, pedacinhos de chocolate...
- Então! Veja tudo isso era uma forma de você colocar o seu amor e isso, certamente todas as pessoas que comiam, além de achar o biscoito gostoso, sentiam este amor, e ficavam mais felizes por isso. Argumentou Samy.
E assim falando Samanta convenceu a senhora a fazer biscoitos, como se ainda tivesse Natal. Elas fizeram, conversaram e trocaram muitas confidências, e a senhora voltou a sorrir.
- Quer saber de uma coisa? Confessou a senhora, não vejo a hora de minha família chegar para dar os biscoitos para eles e mostrar, com eles, o meu amor.
A senhora deu alguns biscoitos para Samy que se despediu e continuou o seu caminho por aquela estranha terra onde não havia mais natal.
O próximo encontro que Samy teve foi com um homem que estava cortando o pinheiro de seu jardim. Samy fica horrorizada, um pinheirinho tão bonito. E, muito brava perguntou ao homem porque ele estava fazendo isso. Ele contou que antes, quando tinha Natal, enfeitava o pinheirinho com bolas, estrelas prateadas e guirlandas coloridas, o pinheirinho ficava tão bonito e todos ficavam muito felizes com ele. Mas agora que não tinha mais Natal ele se convenceu que isto é bobagem e , iria cortá-lo para plantar feijão no lugar. Feijão ele poderia comer, enquanto o pinheiro não servia mais para nada.
A menininha tentou convencê-lo das mais diversas formas:
- As coisas não são bem assim, nos paises onde o frio acaba com toda a vegetação no inverno, o pinheirinho é o único que se mantém verdinho, e o fato de enfeitá-lo é uma forma de celebrar a vida, a força e o renascer para o próximo ano. Falou Samy, escolhendo cada palavra pois sabia que era muito importante convencer o homem a não cortar o pinheirinho.
As palavras de Samy conseguiram convencer o homem que, além de não cortar o pinheirinho, começou a enfeitá-lo mesmo não tendo Natal. Qaundo elea acabou os dois pararam encantados olhando como o pinheiro estava bonito e como o jardim se tornou mais colorido e brilhante com as luzes do pinheirinho.
Na despedida o homem deu para Samanta um galhinho do pinheirinho para que ela tivesse uma recordação daqueles momentos que passaram juntos. Samy colocou o raminho em sua cestinha junto aos biscoitos, embora não soubesse bem porque sentia que ele seria útil para ela em algum momento.
Por fim Samanta encontrou uma velhinha dormindo em uma cadeira de balanço. Embora Samy tenha pisado muito delicadamente, não querendo acordar a velhinha, isto não foi possível, a senhora abriu os olhos e logo foi explicando que estava entediada por que não tinha o que fazer.
- Antigamente, no Natal, eu fazia meias de tricô para dar as crianças e aos velhinhos que precisavam. Mas, agora, nem tem mais Natal... Falou a velhinha bocejando. Assim, não me preocupo com mais ninguém. O rei ou a feiticeira que cuide dos pobres, ou mesmo as pessoas ricas, eu é que não preciso fazer mais nada.
Samanta ficou preocupada com estas coisas que a velhinha falou e tentou explicar que as coisas não eram bem assim e que sempre precisamos nos preocupar com o próximo. E lembrando de como sua mãe se preocupava em ajudar os vizinhos e as pessoas menos desfavorecidas, repetiu as suas palavras:
- Esta certo que existem muitas necessidades, mas, se cada um fizer uma parte pequena, todas as partes juntas farão uma diferença tão grande que pode mudar o mundo!
Samy, falou tanto que convenceu, e disse que gostaria de aprender a fazer meia. Assim, juntas elas fizeram muitas meias que seriam distribuídas aos mais pobres.
A noite caiu e Samanta pensou que deveria ir embora, se bem que não soubesse para onde, mas teria que ir embora. A velhinha antes de deixá-la partir fez questão de oferecer leite quente com chocolate e, também, a presenteou com uma meia, que a menina colocou na cestinha junto com os biscoitos e o raminho. Quando saiu, antes de pegar a estradinha, Samanta olhou para tráse para acenar para a velhinha que estava sorridente na porta de sua casa, e estranhou ao ver que a casa estava diferente, com cores mais vivas e alegres, mesmo sendo noite, a casa parecia brilhar.
No caminho, andando vagarosamente, ficou pensando no mal que esta feiticeira estava fazendo a toda esta gente. Pensou tanto, que acabou ficando brava e resolveu ir tirar satisfação com a temível feiticeira. Não precisou ir muito longe, encontrou a feiticeira sentada em um tronco de madeira em baixo de uma árvore. Samanta estranhou que embora a floresta tivesse sempre uma grama verde e farta, em volta do lugar onde a feiticeira estava sentada havia somente terra seca e, aparentemente, sem vida.
A malvada era até bonita, usava um vestido em vários tons de lilás, e o tecido era brilhante, parecia conter pequenas estrelinhas entre cada fio. Seu risti era acetinado, embora muito maquiado, o mesmo acontecendo com seus olhos azuis, que também eram muito pintados, seus cabelos eram roxos e no meio dos fios existiam enfeites graciosos que pareciam se mexer. Quando Samanta olhou mais de perto, horrorizada viu que estes enfeites se tratavam de serpentes e lagartos minúsculos, ! Isto era um bom indício de que a feiticeira, apesar de bonita, era má e cruel. A sua volta existiam muitos pássaros, e todos tinham, embora em diversos tons, a cor lilás.
Quando perguntada disse com uma voz melodiosa e de tom até agradável que havia acabado mesmo com o Natal:
- Não vejo razões para tantas comemorações, as pessoas precisam trabalhar e poupar mais, em vez se ficar se perdendo em tantas festas. Falou a feiticeira, dando uma risada alta e esganiçada que contrastava com o tom meigo de sua fala anterior.
Mas, Samanta tinha os seus argumentos:
- As coisas não são assim. Esta é uma oportunidade para a família comemorar a felicidade de estarem juntas e compartilharem o amor que existe entre eles.
Para explicar melhor Samy tirou os biscoitos da cestinha e começou a falar no ato de amor de cozinhar. Mas isto não agradou a feiticeira que começou a gritar horrorizada, e o pior era que seus gritos eram esganiçados, iguais a sua risada. Isto começou a deixar a feiticeira feia, seu vestido começoua perder a cor lilás, se tornar acizentado e para de brilhar, seus rosto encheu-se de rugas e seus cabelos começaram a estufar, ficando embaraçados e em pé, com isso as pequenas serpentes e lagartos começaram a pular assustados e Samanta fazia uma verdadeira ginástica, pulando ora em um pé, ora em outro a fim de que estes animais não subissem pelas suas pernas.
- Calma, senhora feiticeira, não quero assustá-la, falou Samanta escolhendo cada uma de suas palavras. Veja este raminho, é de um pinheirinho as pessoas gostam de enfeitá-lo no Natal, elas colocam boli...
Samanta não conseguiu acabar a frase, pois a feiticeira havia se transformado completamente, seus olhos haviam se tornado vermelho e estavam saltados da face, sua pele estava completamente enrugada e verde, os dedos de suas mãos começaram a crescer e a ficar tortos, o que também acontecia com suas unhas. Seu vestido havia se tornado todo preto e, curiosamente, esfarrapado.
- Pare! Pare, não diga mais nenhuma palavra, eu não suporto ouvir falar de amor! Seus gritos agora eram insuportavelmente altos, agudos, e espantava os pássaros que estavam a sua volta, e agora eles não eram mais lilases, mas sim pretos, Samy percebeu que eles eram corvos que saiam voando e guinchando também assustados com os gritos da feiticeira.
Samy, não estava assustada, mas também não sabia o que fazer, e como tinha ido lá para convencer a feiticeira pensou que deveria fazer o planejado até o fim, assim retirou o par de meias, pensando que como elas significavam a solidariedade, poderia mudar o modo de ver da feiticeira.
Quando a feiticeira olhou para as meias seus olhos ficaram pretos, seus cabelos arrepiaram ainda mais e ela começou a inchar, inchar muito. E seus gritos eram terríveis, ela dizia palavras que ninguém compreendia e cada fez ficava mais escura e enorme, finalmente ela explodiu.
O barulho foi muito alto, e a explosão causou uma fumaça que não permitia se ver mais nada, por muito tempo sentiu-se no ar um cheiro de queimado. Aos poucos a fumaça e o cheiro foram passando e Samanta percebeu que, no lugar onde estivera a feiticeira, não havia mais nenhum vestígio dela, ao contrário, na terra que estava seca e sem vida, agora havia grama e muitas flores.
Neste momento Samy começou a notar que toda a floresta e o povoado estavam com um colorido mais forte e as casas começam a parecer iluminadas, onde os olhos alcançavam eram luzinhas piscando. As luzes do pinheirinho que Samanta havia salvado não estavam mais sozinhas, o povoado todo era um verdadeiro mar de luzes que piscavam sem parar.
E ela começou a sentir imediatamente um cheiro de biscoitos e bolos de Natal e das casas se ouviam canções calmas e alegres entoadas principalmente pelas crianças.
Samanta começa a sentir um vento e olha a sua volta para ver o que se trata e encontra uma figura conhecida, era a primeira pessoa que ela havia encontrado, o velhinho de barba barnca. Mas será possível? Ele estava todo vestido de vermelho e sentado em um trenó. Parecia se tratar... Será? Papai Noel?
- Em pessoa, minha filha! E vim para agradecer. Falou Papai Noel.
- Agradecer, eu não fiz nada, foram as pessoas mesmo que fizeram as coisas, coisas que elas sempre tinham feito! Falou Samy.
- É, mais a feiticeira fez com que elas não dessem mais importância a essas coisas, e precisava de alguém que, acreditando no espírito do Natal, fizesse com que elas percebessem a força que existe nos pequenos atos, nos atos simples feitos de amor à natureza e ao próximo. E esse alguém foi você.
Samanta quase não acredita no que está vendo, mas sente que é o momento de se despedir de Papai Noel e sair correndo para casa, pois sua tia poderia dar pela sua falta. Ela consegue encontrar a árvore da qual descera e rapidamente sobe em seus galhos e aliviada sente que esta novamente no baú.
Quando chega ao quartinho escuro e acinzentado ela escuta a tia ainda batendo na porta, e desesperada pensa: - Há quanto tempo ela estará batendo?
Assustada Samanta abre a porta e pede desculpas à tia por ter demorado tanto, mas, para o seu espanto a tia diz que não esperou nada, pois tinha acabado de bater.
- Mas como? Pensa Samanta, se tinha até anoitecido no povoado? Tentando explicar começa a contar sua aventura para a tia e para comprovar mostra os galhos do fundo do baú, mas horrorizada vê que não existem mais galhos, o fundo do baú aparece: duro, liso e vazio.
Samanta, muito constrangida, continua explicando, mas, resolve admitir que foi um sonho. O que seria bem melhor do que deixar a tia pensar que ela era mentirosa. Mas sua tia pede, pacientemente, que continue a sua explicação
- Mas a senhora acredita em mim, mesmo assim?
- Eu acredito na fantasia, e nas pessoas que acreditam nela, isto é que mantém a fantasia viva, as pessoas que acreditam nela é que a faz existir.
E para finalizar falou,
- Bem minha querida é hora de começarmos a enfeitar a nossas casa, faltam somente dois dia para o Natal!
E as duas saem enfeitando a casa que vai, como no povoado encantando, ganhando colorido e brilho à medida que está sendo enfeitada.

Fonte: site da Editora Informal.

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