Casa da Fada Azul

Na casa da Fada Azul tem sempre biscoitos de gengibre, mel e canela, assando no forno!
Perfume de flores por toda parte...
Na casa da Fada Azul ouve-se risos de crianças, o cantar dos passarinhos e música suave, com flautas e sinos!

Sejam bem-vindos à casa da Fada Azul!


Em homenagem aos meus filhos, Dhayaram e Suraj, que amam fadas, principalmente a Fada Azul!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crianças de agenda cheia


Na minha vida, de um modo ou de outro, sempre vejo mães atolando seus filhos de coisas para fazer. É escola de manhã, de tarde tem balé, natação, futebol, judô, inglês... Isso quando não os colocam em cursos aos sábados, e as crianças vão se esquecendo de apenas ser.

Entendo que muitas mães (aquelas que têm condições, é claro!) queiram preparar a cria para o futuro, alegando que se hoje, com faculdade e pós-graduação, já é difícil conseguir um emprego, imagine o que uma pessoa "despreparada" poderá "conseguir" no futuro. Por experiência própria, sei que algumas de nós tentam fazer esse tipo de coisa até mesmo para compensar a falta que fazemos às crianças, correndo atrás de nossas carreiras.

Infelizmente, assim, crianças ficam sem tempo até para brincar!

Algumas fazem suas refeições correndo para não "perder" a próxima atividade, esquecendo-se de que esse é um grande momento de conexão com a natureza, em que ela deveria honrar os alimentos que são oferecidos a ela e partilhar com a família, com seu círculo, um momento sagrado.

Essas questões já estavam em minha cabeça há algum tempo, e ontem, lendo uma entrevista da psicanalista Maria Rita Kehl no Estadão (ela está lançando um livro chamado O tempo e o cão — A atualidade das depressões - Boitempo Editorial, 304 pp., R$ 39), consegui achar algumas respostas para esse fenômeno:

"O que me preocupa é que, na tentativa de fazer render o tempo desde o começo da vida, hoje os pais de classe média e alta começam a educar seus filhos seguindo o mesmo princípio da agenda cheia. Algumas dessas crianças de compromissos se tornam insatisfeitas, dependentes de estimulação externa, incapazes de devanear e inventar brincadeiras quando estão desocupadas."

"A ansiedade materna, bem antes de se manifestar como expectativa pelo desempenho da criança, tem a ver com a presa em mantê-la sempre satisfeita. Mas a melhor forma de amar uma criança não é impedir que ela conheça a falta: a falta é constitutiva do aparelho psíquico. Ela não pode faltar! A criança começa a virar gente (sujeito) ao inventar recursos simbólicos para lidar com o vazio e a insatisfação."

Os grifos são meus. E esta foi uma pequena reflexão sobre o futuro de nossas crianças.

7 comentários:

Vanessa Bianconi disse...

Oi Danielle!
Adorei seu blog! Tomei a liberdade de me adicionar como sua seguidora!
Um abraço!

Ariany Moreira disse...

Como esse texto cai como uma luva para a criação de hoje!

S. Thot disse...

Olá! Gosto de seu blog, sabia? Ele foge do esquemão de blogs pagãos que falam de coisas que não estão em nossa realidade direta.

O seu tem esta sutileza de falar do cotidiano, mas com o nosso olhar.

Sobre o texto, ele me fez pensar em uma escola perto de casa que se orgulha em ter uma pedagogia empresarial. Como ela fica em um bairro de classe média-alta, penso que as escolas de periferia fazem parte de uma pedagogia do meio-oficial.

Então teríamos duas escolas, uma para patrões e outra para empregados. É um futuro no melhor (?) estilo Gattaca. Penso que as escolas deveriam ajudar a formar humanos, mas com certos pais, professores e políticos, está cada vez mais difícil.

Mas a luta continua!!!


Saúde, amizade, liberdade.


S.

Danielle disse...

Van, seja bem-vinda. Escrevo tb num outro espaço, o www.mulherverde.blogspot.com!

Danielle disse...

Ari, que saudades de vc!

Danielle disse...

S., adoraria ler um dos seus blogs, mas vi que é só para leitores convidados...

Sobre a escola, a editora Campus lançou recentemente um livro que ensina os pais a transformarem suas crianças em "líderes", no sentido de "gerentes".

Duro, não?

S. Thot disse...

Olá! É realmente dura a constatação. Boa parte de meus amigos possuem licenciatura, o que me torna um pouco sensível ao assunto. Como possuímos uma visão mais global das coisas, não acreditamos nesta educação feita para insetos.

Enquanto houver forças, resistiremos. Cada um de sua maneira.

Quanto ao blog, ele é aberto a visitação. Em todo caso, deixo abaixo o link:

http://blogsementesagrada.blogspot.com/